Análise | Dragon Age: Inquisition

Nota
4

Dragon Age: Inquisition é um RPG desenvolvido pela Bioware e publicado pela Electronic Arts no dia 18 de novembro de 2014, para Microsoft Windows, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One. Sendo o terceiro título da saga Dragon Age, um pouco diferente dos outros, o Inquisition trouxe impactos no enredo que refletiam a representatividade LGBTQIA +, para além dos romances no jogo, mostrando temas pertinentes envolvendo política, preconceito, identidade e auto aceitação. Além da normalização dos romances, a BioWare trouxe personagens que se envolvem na narrativa e trazem força ao roteiro, integrando visibilidade e respeito à diversidade.

 

ENREDO – OS DOIS LADOS DO PODER

Uma grande explosão mágica catastrófica acaba destruindo um momento crucial no continente de Thedas, matando vários líderes religiosos da Chantria que negociavam a paz entre facções e causando instabilidades políticas. A explosão causa a quebra da barreira mágica entre o mundo físico e o Fadel, permitindo que fendas se abram e demônios invadam o mundo. O único sobrevivente dessa explosão, é você, o Inquisidor, com a misteriosa habilidade de fechar as fendas espalhadas por Orlais e Ferelden, você terá que ser habilidoso e suficientemente sagaz, para lidar com as acusações dos líderes das facções, ao mesmo tempo que investiga o que causou todo desastre. Lidando com situações políticas, crises religiosas, e reconstruindo a inquisição, você terá que ser capaz lidar com a reverência, e ao mesmo tempo o desprezo das pessoas que o espionam, conspiram e buscam suas fraquezas

GRÁFICO – UMA INOVAÇÃO ARRISCADA

No estilo mais realista estilizado, a BioWare utilizou pela primeira vez a engine Frostbite 3, para produzir um jogo no estilo RPG, o que permitiu fazer efeitos realistas de luz, sombra e água. Também permitiu criar personagens e monstros detalhados, com expressões faciais mais claras, ajudando na imersão. Porém, a Engine sendo originalmente produzida para jogos FPS como Battlefield, acarretou na adaptação de vários recursos para o jogo, como na IA utilizada no sistema de diálogos, e causando alguns bugs de falha física. No mais, o jogo é muito bem atmosférico, com cores vívidas e efeitos visuais impactantes, mas possui alguns problemas de otimização.

AMBIENTAÇÃO – VIVENDO NA POLÍTICA

A história de Dragon Age passa pelo continente de Thedas, e as terras além dele são misteriosas. Ferelden, que possui uma terra mais rural e devastada pela guerra, e Orlais, império rico e com muitas adversidades políticas, são os reinos principais da trama. Os mapas do Jogo são grandes regiões semi abertas, divididas por seu próprio clima, paisagem e história; que mesmo possuindo limites, essa diversidade incentiva a exploração. Contudo, as áreas não são conectadas e o jogo oferece o recurso do fast travel para fazer essa conexão. Montanhas nevadas, desertos, pântanos e florestas, ajudam a ambientação de certas missões e partes da história, e a imersão é bastante intensa em ambientes de situações políticas como palácios, sedes, mansões de pessoas da realeza, sempre passando um clima diplomático.

SONS – UMA ATUAÇÃO FIEL

A trilha sonora do jogo segue um estilo orquestral medieval, com sons que misturam cordas, tambores de guerra, sopros e vozes corais, que se adaptam em diferentes situações, como mais épicas em batalhas, ou melancólicas em momentos tranquilos. Os efeitos sonoros também são bem construídos, poderes e magias tem sons diferentes, e as criaturas têm seus sons únicos. A dublagem do jogo, apesar de não possuir a opção do português, é de alta qualidade, com falas expressivas que impactam na narrativa, e até sotaques dão ainda mais características de identidade a cada personagem.

JOGABILIDADE – ESTRATEGICAMENTE OU PARTIR PARA AGRESSÃO?

O jogo possui algumas mecânicas de batalha, onde você pode lutar em tempo real, controlando seus personagens e alternando entre eles, ou utilizando da câmera tática, como em um jogo de estratégia, pausando o jogo e posicionando cada um manualmente para organizar seu estilo de combate. No seu personagem você opta por classes, que mudam a didática da estratégia, como o Guerreiro, utilizando força bruta e combate corpo a corpo; Mago, com poderes massivos e causando dano a distância; e Ladino, com um foco maior na furtividade, podendo ser a distância ou não. Além disso, a IA que controla os personagens no combate, é bastante eficiente, não deixando lacunas. A progressão do jogo é bem lenta, e às vezes um pouco entediante, por o jogo basicamente obrigar a explorar além da história para evitar que o personagem não acompanhe o nível da campanha.

EXTRAS – REPRESENTATIVIDADE E PROFUNDIDADE

Dragon Age: Inquisition é um dos primeiros jogos de grande orçamento a colocar personagens abertamente trans, com profundidade na história e em cargos importantes. Cremisius Aclassi, do império de Tevinter, é o tenente da companhia mercenária Bull ‘s Chargers, liderada por Iron Bull, que o acolheu como igual. Krem possui diálogos onde fala sobre ser trans, sua transição e os desafios que enfrentou, um personagem profundo, marcante, e bem representado, passando longe do estereótipo caricato, ou de ser alvo de piadas; um guerreiro confiante com sua identidade e bastante respeitado.

CONCLUSÃO – ALGUMAS TRUPICADAS…

O jogo utilizar de uma engine desenvolvida para FPS pode ter auxiliado no estilo de gráficos e beleza nos detalhismos, contudo a renderização fica a desejar, alguns bugs visuais acontecem periodicamente, nada que interfira na gameplay, mas a ideia do mundo semiaberto faz com que o jogo demore bastante para carregar os mapas, mesmo que você já tenha ido nas áreas. A jogabilidade é excelente, permitindo modos de combate distintos, e aí vai de sua preferência, ambos são bem executáveis, contudo, a progressão do jogo é mais lenta do que o esperado, talvez desestimule jogadores não acostumados com o gênero. A história do jogo também é cativante, além de cada personagem ter uma narrativa profunda e envolvente, o que te prende a querer conhecer mais os personagens que tem mais a ver com você.

Streamer e Criador de conteúdo nas horas vagas, ama gatos, sorvete e escuta todo tipo de musica... Ou quase. Estudante de Bacharelado em Gastronomia e aspirante a Mago, não só dos games, mas também da cozinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *