Nota
“Você mudou o destino naquela ponte, dobrou a realidade.”
O que acontece depois da “premonição final”? Temos mais um filme… e, surpreendentemente, um dos mais bem encaixados dentro da franquia. Ainda que o enredo deixe a desejar em desenvolvimento e ritmo, Premonição 5 entrega algo que os dois filmes anteriores haviam deixado de lado: uma estrutura coesa com o universo criado no primeiro longa. Aqui, acompanhamos Sam (Nicholas D’Agosto), que prevê o colapso de uma ponte suspensa durante uma viagem com colegas de trabalho. Ao impedir a tragédia, ele — claro — entra para a lista negra da morte.
Com a chegada de mais um diretor (Steven Quale), temos também mais uma reformulação na mitologia. A cada filme, a franquia parece querer ressignificar as regras do jogo, e isso volta a acontecer aqui. A “caçada da morte” ganha novas explicações, desta vez envolvendo a ideia de que tirar a vida de outra pessoa pode ser uma maneira de enganar o destino. É uma proposta ousada, que gera discussões interessantes, mas também levanta mais perguntas do que respostas — especialmente quando ignoramos o que foi estabelecido anteriormente.
Apesar da fragilidade do roteiro, o filme compensa com um clima mais sombrio e um cuidado maior na construção das mortes. A ambientação é mais sóbria, e há um esforço em recriar a tensão original da série. Tony Todd retorna após dois filmes ausente, e sua presença como William Bludworth nunca foi tão macabra e soturna. Ele parece mais conectado à entidade que rege essas mortes do que nunca, quase como se fosse sua personificação. Um detalhe sutil, mas certeiro, é a passagem do longa pelo Le Café Miro 81 — o mesmo local onde ocorre uma das mortes do primeiro filme — reforçando a sensação de que este universo tem raízes bem firmadas, mesmo que mal exploradas em certos momentos.
A direção acerta também em criar um final que, apesar de simples, dá um nó em quem acompanha a franquia desde o começo. A grande reviravolta é um dos melhores momentos de toda a série, não por seu impacto, mas por como conecta todos os filmes de forma orgânica e inesperada. Ainda assim, o caminho até lá é irregular. O enredo tem dificuldade em manter ritmo, os personagens não têm o mesmo peso emocional de outras edições e a previsibilidade se mantém como uma marca da casa. Mesmo sem reinventar a fórmula, Premonição 5 prova que ainda há fôlego para sustos e surpresas. É um retorno digno, se não brilhante, e fecha a saga de forma mais respeitosa do que os capítulos anteriores.
“A morte não gosta de ser enganada.”
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.