Nota
“Você pode fazer o que quiser… menos rir.”
Dez comediantes confinados por seis horas num mesmo espaço com uma única regra: quem rir, perde. Essa é a premissa de LOL: Se Rir, Já Era!, versão brasileira da franquia internacional da Amazon Prime Video, que estreou sua primeira temporada em 3 de dezembro de 2021. Comandado por Tom Cavalcante e Clarice Falcão, o reality de humor apresenta uma dinâmica que aposta em caos, criatividade e resistência emocional – porque não rir diante de comediantes profissionais tentando te fazer exatamente isso é, sim, um desafio quase cruel.
A seleção do elenco é um dos pontos altos da temporada. Temos nomes consagrados como Nany People, Bruna Louise, Noemia Oliveira, Igor Guimarães, Yuri Marçal, Marlei Cevada, Thiago Ventura, Estevam Nabote, Diogo Defante e Flávia Reis, criando uma salada de estilos que vai do escracho ao nonsense, do stand-up à performance corporal. E é nesse choque de linguagens que o programa se sustenta: cada participante não só precisa segurar o riso como também bolar maneiras engenhosas (e muitas vezes bizarras) de derrubar os adversários. Quem resistir até o fim ainda ganha uma bolada de 350 mil reais, que será doada a uma instituição de escolha do vencedor, e um trófeu.
A estrutura do reality é simples, mas funcional. Os apresentadores acompanham os participantes por câmeras e distribuem os temidos cartões amarelos e vermelhos — um aviso e, em seguida, a eliminação — cada vez que alguém cede ao riso. Isso gera uma tensão constante no ar, equilibrada com momentos em que o programa aposta num humor físico, criativo e improvisado. Não são todas as tentativas que funcionam, é verdade, e há momentos em que a energia parece cair. Mas a montagem ágil e os cortes bem pensados ajudam a manter o ritmo.
Apesar da proposta ser mais voltada para o entretenimento puro, LOL também acaba sendo um estudo de como o humor funciona em grupo: o que faz alguém rir, como se proteger da risada, quais estratégias realmente funcionam. E isso tudo sob a lente de um formato que não exige julgamento popular, rivalidades forçadas ou apelar para roteiros forçados — o riso é o único e verdadeiro vilão aqui.
A temporada ainda acerta ao não se alongar demais: com seis episódios de cerca de 30 minutos, ela entrega uma maratona leve e divertida, ideal para assistir em uma tarde. A química entre os apresentadores funciona, mesmo que Clarice por vezes pareça deslocada no tom do programa ou escanteada pelo estrelismo de Tom, e o elenco brilha justamente quando se permite ser ridículo, o que aqui é um grande elogio.
Ao final, a sensação é de que LOL: Se Rir, Já Era! encontrou uma boa fórmula para o humor nacional: unir talentos diversos, permitir o improviso e confiar na força da proposta. A primeira temporada, apesar de suas falhas e ter alguns momentos que os apresentadores parecem querer forçar algo, é uma ótima estreia entregando risadas sinceras e momentos inesquecíveis — como um frango cru dançando ou uma performance épica com uma cobra de pelúcia. LOL Brasil não quer te fazer pensar, quer te fazer rir. E, na maioria das vezes, consegue.
Icaro Augusto

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.